Portos brasileiros: Infraestrutura e tecnologia no centro das discussões da Centronave
Os portos brasileiros enfrentam atualmente uma defasagem de 15 anos em relação a outros países com complexos portuários bem estabelecidos.
Os portos brasileiros enfrentam um atraso de 15 anos em sua infraestrutura em comparação com outros países, segundo o Centro Nacional de Navegação Transatlântica (Centronave). Além da falta de profundidade nos canais de navegação, a burocracia aduaneira também afeta as disputas por competição do país no mercado internacional. Soluções tecnológicas e logísticas, como rastreamento em tempo real, automatização de processos e padronização documental, são vistas como cruciais para melhorar a eficiência portuária. Agora, a Associação Brasileira dos Terminais Portuários (ABTP) busca maior autonomia para as concessionárias na realização de melhorias estruturais, visando modernizar a infraestrutura portuária do país.
Portos brasileiros enfrentam desafios na infraestrutura no contexto atual
Os portos brasileiros enfrentam atualmente uma defasagem de 15 anos em relação a outros países com complexos portuários bem estabelecidos. A análise, divulgada pelo Centro Nacional de Navegação Transatlântica (Centronave), destaca não apenas a infraestrutura portuária, mas também a burocracia aduaneira como desafios críticos. Conforme destacado no relatório, a infraestrutura é a espinha dorsal dos portos, e o Brasil enfrenta sérias deficiências nesse aspecto.
A profundidade dos canais de navegação é um dos principais gargalos, especialmente devido à necessidade de acomodar navios de gerações mais recentes, que demandam maior profundidade. Segundo o diretor-executivo do Centronave, Claudio Loureiro de Souza, a medição do atraso é feita com base no ano do navio mais antigo que não consegue mais navegar nos portos brasileiros.
Com modelos de navios de 2008 já obsoletos em termos de profundidade, fica claro que a falta de constante dragagem impede o país de receber embarcações modernas. A consequência desse problema não é apenas uma questão de infraestrutura, mas também econômica. A falta de profundidade afeta diretamente a capacidade de movimentação de cargas.
O Porto de Santos, o maior da América Latina, deixa de movimentar cerca de 500 mil TEU (contêineres de 20 pés) por ano, resultando em uma perda estimada de US$ 21 bilhões anualmente em receitas de importações e exportações. Enquanto isso, regiões como a Ásia, Europa e América do Norte operam com embarcações de até 24 mil TEU.
Logística portuária precisa acompanhar os avanços na tecnologia atual
Além dos desafios de infraestrutura, a logística portuária também pode se beneficiar significativamente de avanços tecnológicos. Mario Velardo, ex-diretor da Maersk e CEO da MTM Logix, destaca a falta de visibilidade em tempo real para caminhões que chegam aos portos como um dos problemas. Implementar sistemas de rastreamento avançados pode mitigar gargalos e atrasos. Outro ponto crítico é a dependência de processos manuais, que não apenas desaceleram as operações, mas também aumentam o risco de erros. Assim, automatizar esses processos pode melhorar significativamente a eficiência.
A tecnologia que atualmente garante os processos globais de operações com navios de contêineres está defasada em muitos casos, inclusive no Brasil. Por isso, aproveitar o tempo que os contêineres passam a bordo para realizar os processos de importação pode ser uma mudança significativa. Mario Velardo também enfatiza a necessidade de desburocratizar o desembaraço aduaneiro. A documentação extensa para um único contêiner entrar nas áreas portuárias é um obstáculo que pode ser simplificado por meio de soluções digitais.
Ele ainda destaca que padronizar a documentação e os processos aduaneiros em nível global pode reduzir encargos e custos administrativos. No Brasil, onde os desafios geográficos e o status de importador líquido de contêineres são relevantes, essa padronização pode ter um impacto imediato na redução dos custos de transporte. Nesse contexto, a Associação Brasileira dos Terminais Portuários (ABTP) busca soluções que vão além da tecnologia e logística.
A entidade está finalizando uma proposta que visa dar maior autonomia às concessionárias para realizar melhorias estruturais nos portos, atualmente de responsabilidade da gestão pública. A proposta da ABTP envolve a transformação dos contratos de arrendamento em contratos de exploração com natureza privada. Isso permitiria que as empresas investissem de acordo com as demandas do setor, afastando ineficiências associadas à autoridade portuária.