Luciano Guimaraes Tebar analisa que a ascensão das moedas digitais emitidas por bancos centrais, conhecidas como CBDCs, representa uma das transformações mais significativas do sistema financeiro global nas últimas décadas. Diferentes países estudam ou já implementam versões digitais de suas moedas soberanas, com o objetivo de modernizar transações, aumentar a eficiência e garantir maior controle sobre fluxos monetários em meio a um cenário de digitalização crescente.
O movimento global em direção às moedas digitais soberanas
Diversos bancos centrais vêm conduzindo projetos-piloto ou testes de moedas digitais, desde a China com o yuan digital até iniciativas da União Europeia e de países emergentes. Essas experiências buscam avaliar a viabilidade de substituir parte do dinheiro físico por sistemas digitais controlados diretamente pelas autoridades monetárias. A principal motivação é manter a relevância das moedas nacionais em um ambiente em que pagamentos digitais e criptomoedas privadas se popularizam rapidamente.
Segundo Luciano Guimaraes Tebar, esse movimento reflete também preocupações relacionadas à segurança e à soberania econômica. Ao emitir suas próprias moedas digitais, governos reduzem a dependência de intermediários privados e fortalecem sua capacidade de monitorar fluxos financeiros, ao mesmo tempo em que asseguram estabilidade ao sistema.
Potenciais benefícios para o sistema financeiro internacional
As CBDCs prometem aumentar a eficiência das transações, reduzir custos de intermediação e acelerar transferências internacionais. Para empresas, isso significa maior agilidade na realização de operações comerciais e redução de barreiras em mercados globais. Já para consumidores, a expectativa é de acesso facilitado a meios de pagamento seguros e confiáveis.

Como ressalta Luciano Guimaraes Tebar, a adoção de moedas digitais soberanas pode ainda contribuir para a inclusão financeira. Populações sem acesso a serviços bancários tradicionais teriam condições de participar mais ativamente da economia digital, ampliando a circulação de capital e incentivando novos modelos de negócios em mercados emergentes. Essa democratização dos serviços financeiros tem potencial para reduzir desigualdades sociais e criar um ciclo virtuoso de crescimento econômico sustentado.
Desafios regulatórios, tecnológicos e sociais
Apesar das vantagens potenciais, a implementação das moedas digitais de bancos centrais enfrenta obstáculos consideráveis. Questões ligadas à privacidade, à proteção de dados e ao risco de ciberataques estão entre as maiores preocupações. Além disso, há receio de que a digitalização total do dinheiro possa gerar exclusão para pessoas sem acesso a dispositivos ou conectividade adequada.
Luciano Guimaraes Tebar aponta que outro desafio está na coordenação internacional. Para que as moedas digitais cumpram plenamente seu papel em transações globais, será necessário desenvolver padrões de interoperabilidade entre países, evitando fragmentação excessiva que poderia comprometer a fluidez do comércio internacional. A cooperação multilateral, nesse sentido, será decisiva para garantir que os benefícios da digitalização não sejam restritos a determinadas economias, mas estejam disponíveis em escala global.
Perspectivas para o futuro das finanças globais
À medida que avançam os testes e projetos de CBDCs, cresce a expectativa sobre seus impactos de longo prazo no sistema financeiro global. Bancos comerciais terão de adaptar modelos de negócio, fintechs precisarão ajustar suas soluções e investidores observarão de perto as transformações nas dinâmicas de liquidez e crédito. O efeito pode incluir desde a redução de custos de captação até a criação de novos instrumentos financeiros lastreados em moedas digitais soberanas.
Esse processo, comenta Luciano Guimaraes Tebar, tende a consolidar um novo paradigma, no qual as moedas digitais soberanas coexistirão com outros meios de pagamento digitais e ativos privados. A velocidade dessa transição dependerá da capacidade dos países de equilibrar inovação, segurança e acessibilidade, construindo um sistema financeiro mais integrado e preparado para os desafios de uma economia cada vez mais digital. Em última análise, a ascensão das CBDCs representa não apenas uma evolução tecnológica, mas também uma redefinição do papel do Estado na organização das finanças globais.
Autor: Sérgio Gusmão