O Espírito Santo está se consolidando como um ator central na logística nacional, com uma expansão portuária que promete transformar o estado em um verdadeiro hub de cabotagem do Brasil. Idalberto Moro, presidente da Fecomércio-ES e do Sincades, enfatiza essa tendência, destacando o crescimento e a modernização do sistema portuário capixaba. A cabotagem, modal de transporte costeiro entre portos nacionais, ganha um novo impulso com a infraestrutura em desenvolvimento no Espírito Santo, fortalecendo a economia e a competitividade do estado no cenário logístico do Brasil.
A costa capixaba, apesar de seus 410 quilômetros, abrigará em um futuro próximo um complexo de oito portos, redefinindo sua configuração e capacidade logística. Entre os novos empreendimentos, destacam-se o Porto da Imetame, em Aracruz, com profundidade para receber navios Panamax, o Porto Central, em Presidente Kennedy, e o Petrocity, em São Mateus. Esses novos portos ampliam significativamente a capacidade do Espírito Santo para receber e despachar grandes volumes de carga, impulsionando a cabotagem e a economia do estado.
A visão de Idalberto Moro é clara: o Espírito Santo deixará de ser predominantemente um receptor de cargas via cabotagem, que hoje chegam de portos como Santos e Santa Catarina, para se tornar um grande emissor. Essa mudança de paradigma é estratégica para a economia capixaba e para o sistema de cabotagem do Brasil. A capacidade de receber navios de grande porte permitirá fretes mais competitivos, beneficiando indústrias e consumidores e consolidando o Espírito Santo como um hub logístico.
A cabotagem no Brasil ainda possui um vasto espaço para crescimento. Atualmente, apenas 13% da carga nacional é transportada por este modal. Comparado a países como a China, onde 44% da carga é movimentada por via aquaviária, o potencial brasileiro é imenso. A Associação Brasileira dos Armadores de Cabotagem (Abac) ressalta que a cabotagem não é apenas uma alternativa mais econômica, mas também mais sustentável, contribuindo para a redução da pegada de carbono do transporte de mercadorias no Brasil e no Espírito Santo.
A expansão portuária no Espírito Santo inclui não apenas a construção de novos terminais, mas também o aprimoramento tecnológico dos já existentes. Notícias recentes, como a nova tecnologia na amarração de navios no Porto de Ubu da Samarco, em Anchieta, que garante mais segurança e precisão, ilustram o investimento em inovação. Além disso, a Vports busca licenciamento para desenvolver um porto multipropósito em Barra do Riacho, com terminais para grãos, energia e descomissionamento de plataformas, reforçando a infraestrutura de cabotagem do Espírito Santo.
Os portos capixabas, aliados ao conceito do Arco Leste, estão se configurando como um novo eixo logístico para o Brasil. Essa interligação de terminais e rotas de transporte promete otimizar o fluxo de mercadorias, reduzir custos e aumentar a eficiência da cadeia de suprimentos. O Espírito Santo, com sua localização estratégica e investimentos contínuos, está posicionado para ser um motor da economia nacional, especialmente no que tange à cabotagem e ao comércio exterior.
O Porto da Imetame, por exemplo, prevê movimentar 80 mil contêineres e 500 mil toneladas de carga em seu primeiro ano de operação, demonstrando o potencial de volume que o Espírito Santo está agregando à sua capacidade de cabotagem. Esses números são um reflexo direto do planejamento e dos investimentos que estão sendo feitos para consolidar o estado como um ponto nodal para a navegação nacional e internacional, solidificando a posição do Espírito Santo no mapa logístico.
Com todos esses desenvolvimentos, a afirmação de que o Espírito Santo passará a ser um hub de cabotagem do Brasil não é apenas uma projeção, mas uma realidade que se materializa a cada novo investimento e cada melhoria infraestrutural. O estado está pavimentando o caminho para um futuro logístico mais eficiente, competitivo e sustentável, beneficiando não apenas a economia local, mas todo o país através da expansão da cabotagem.
Autor: Sérgio Gusmão