O setor de cruzeiros marítimos no Brasil enfrenta um cenário de retração para a temporada 2025/2026, com uma redução significativa no número de escalas previstas. O principal terminal de passageiros do país receberá menos navios e viagens em comparação aos últimos três anos, o que aponta para desafios estruturais e estratégicos que precisam ser superados para manter a competitividade do destino. Embora a temporada ainda conte com diversas opções de roteiros e armadores renomados, a queda nas operações acende um alerta para o impacto dessa redução na economia local e na cadeia de serviços associada.
O novo calendário prevê pouco mais de 130 escalas, uma quantidade menor do que as registradas nas temporadas anteriores, quando o movimento de embarques e desembarques atingiu marcas históricas. A redução representa quase 12% a menos de operações em relação ao último ciclo, sinalizando que fatores externos e internos influenciaram a programação. A presença de navios regulares e embarcações em trânsito mantém a variedade de ofertas, mas a diminuição no volume total pode afetar a movimentação de passageiros e, consequentemente, o faturamento do comércio e do setor de turismo.
Entre as principais companhias confirmadas, empresas de grande porte ainda garantem participação expressiva, mantendo roteiros que conectam destinos nacionais e internacionais. Navios de diferentes portes e perfis de serviço vão atender ao público brasileiro e estrangeiro, preservando parte da relevância do terminal como porta de entrada e saída para viagens marítimas. No entanto, o menor número de escalas reduz as oportunidades de ampliação da base de passageiros e do impacto econômico gerado pela atividade.
A diminuição no movimento tem entre suas causas a falta de infraestrutura adequada para receber embarcações de grande porte. Representantes do setor destacam que a ausência de berços exclusivos para navios de passageiros limita a capacidade de atração de novas escalas e compromete a experiência dos viajantes. Em um mercado cada vez mais competitivo, no qual destinos internacionais oferecem terminais modernos e eficientes, essa limitação estrutural se torna um fator decisivo na escolha de armadores e operadores.
A experiência de viagem começa muito antes de o navio deixar o porto, e a qualidade das instalações e do atendimento é determinante para a percepção dos passageiros. O acesso rápido e organizado, o embarque por estruturas modernas e a logística eficiente dentro e fora do terminal são pontos considerados essenciais para fidelizar turistas. Melhorias nessas áreas podem não apenas aumentar a satisfação, mas também ampliar o potencial de retorno de visitantes e o interesse de novas companhias em incluir o destino em suas rotas.
Um projeto de transferência do terminal de passageiros para uma nova área com melhor estrutura já foi aprovado em instâncias governamentais, prevendo instalações modernas e integração com um complexo turístico. A iniciativa promete oferecer mais conforto, funcionalidade e competitividade internacional, mas ainda depende de processos licitatórios e de investimentos vinculados a outros empreendimentos portuários. Enquanto isso, a realidade atual exige soluções rápidas para minimizar as perdas e manter a relevância do porto no cenário de cruzeiros.
O novo terminal, quando concluído, deverá transformar a experiência do passageiro e ampliar a capacidade de atendimento. Além do benefício direto para o setor de turismo marítimo, a mudança tem potencial para gerar impactos econômicos positivos em diversas áreas, como hotelaria, gastronomia, transporte e comércio local. A criação de um espaço competitivo com padrões internacionais pode colocar o destino novamente entre os mais procurados do mercado de cruzeiros na América do Sul.
A redução observada nesta temporada é, portanto, um sinal de alerta e, ao mesmo tempo, uma oportunidade para repensar estratégias. Investir em infraestrutura, modernização e serviços de qualidade é fundamental para atrair mais escalas e recuperar o crescimento dos últimos anos. Com planejamento e execução eficientes, o setor pode transformar um momento de retração em um ponto de virada para um futuro mais promissor no turismo marítimo brasileiro.
Autor: Sérgio Gusmão