Escassez de marítimos coloca em risco o crescimento da cabotagem no Brasil

Sérgio Gusmão
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O crescimento acelerado da cabotagem no Brasil tem sido um destaque na logística nacional, refletindo a importância do transporte marítimo para o escoamento de cargas. No entanto, a escassez de marítimos qualificados emerge como um grande desafio para manter esse ritmo positivo. Embora o setor tenha movimentado mais de 1,5 milhão de TEUs em 2024, com crescimento superior a 19%, a falta de profissionais capacitados pode frear o avanço da cabotagem no país.

A escassez de marítimos está diretamente ligada à limitação na formação desses profissionais. Atualmente, a formação de oficiais da Marinha Mercante está concentrada em apenas duas instituições no Brasil: o Centro de Instrução Almirante Graça Aranha, no Rio de Janeiro, e o Centro de Instrução Almirante Braz de Aguiar, em Belém. Essa concentração limita a oferta de novos marítimos no mercado, afetando a capacidade de renovação do quadro de profissionais da cabotagem.

Além da quantidade reduzida de instituições formadoras, o processo de capacitação para a Marinha Mercante é complexo e exige um longo período de formação prática e teórica. Essa realidade agrava ainda mais a escassez de marítimos, especialmente em um momento de crescimento expressivo da cabotagem, que demanda um número crescente de tripulantes para operar as embarcações que circulam pela costa brasileira.

A escassez de marítimos impacta diretamente a operação da cabotagem, podendo causar atrasos, elevação nos custos operacionais e até restrições no número de viagens que as empresas conseguem realizar. Sem profissionais suficientes, a capacidade de expansão da cabotagem fica comprometida, limitando o aproveitamento do potencial do modal marítimo para o desenvolvimento econômico e sustentável do Brasil.

Diante desse cenário, é fundamental que o setor público e privado se mobilizem para ampliar os investimentos em formação e qualificação de marítimos. A criação de novos centros de treinamento, a modernização dos currículos e o incentivo a programas de capacitação são medidas essenciais para superar a escassez de marítimos e garantir o crescimento contínuo da cabotagem no país.

Além disso, políticas públicas que incentivem a carreira marítima podem atrair mais jovens para a profissão, colaborando para a renovação do quadro de trabalhadores. O setor também deve investir em tecnologia e inovação para tornar o trabalho a bordo mais atrativo e eficiente, contribuindo para a valorização do profissional marítimo e a sustentabilidade da atividade.

A escassez de marítimos é um obstáculo que exige atenção urgente, pois a cabotagem tem papel estratégico no transporte de cargas no Brasil, reduzindo custos logísticos e emissões de poluentes. Manter o crescimento desse setor depende diretamente de garantir um quadro robusto e qualificado de profissionais para operar a frota nacional.

Portanto, superar a escassez de marítimos é uma prioridade para assegurar o futuro da cabotagem no Brasil. Somente com a ampliação e modernização da formação profissional será possível atender às demandas crescentes do mercado e fortalecer um dos principais modais para o desenvolvimento sustentável da economia brasileira.

Autor: Sérgio Gusmão

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